QUE PAÍS É ESSE?
No último dia 22 de agosto de 2010 (domingo), por volta das 15:30 hrs um fato inacreditável nos remeteu aos idos de 1964, época sombria onde a ditadura militar esmagava impiedosamente o direito a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa em nosso país.
O fato que nos fez reportar ao trágico período da censura e da ditadura foi testemunhado por centenas de cidadãos, que ficaram perplexos e ao mesmo tempo revoltados com a atitude desastrosa de alguns policiais militares que “servem” em Maiquinique, por esse lamentável episódio.
O fato
Centenas de pessoas compareceram ao estádio municipal Miguel José Cordeiro para prestigiarem o final do campeonato municipal de futebol amador de Maiquinique, onde na oportunidade o time do Palmeiras atropelou o adversário Fluminense por 3 tentos a 0. Uma vitória brilhante que com certeza não foi ofuscada pelo incidente cometido por alguns soldados da PM de Maiquinique.
Toda essa barbárie teve início quando, o jornalista e redator do Jornal Gazeta Maiquiniquense juntamente com o vereador Juliano Silveira, que também é colaborador do Jornal Gazeta, ambos denunciantes de atos ilícitos e irregulares da atual gestão municipal de Maiquinique, se dirigiam ao espaço reservado as autoridades políticas municipais e a imprensa, a fim de fazer a cobertura do jogo. Ao se dirigirem para seus respectivos lugares, estes foram barrados por dois policiais a paisana e sem farda, que provavelmente estavam fazendo um “bico” para os organizadores do evento, e informaram que nem o jornalista nem o vereador poderiam permanecer naquele local. Estranhando a atitude do suposto policial, o vereador questionou os motivos do por que ele e o jovem repórter tinham que sair daquele local, uma vez que aquele espaço estava reservado a imprensa e as autoridades políticas. O PM apenas disse que “estava cumprindo ordens”. Mas de quem um policial militar sem farda e fora de seu plantão cumpre ordens? O vereador Juliano pediu então ao policial a paisana que chamasse o secretário de esportes para que esse esclarecesse os fatos. Foi quando nesse momento ocorreu um outro incidente no campo, onde um goleiro de um dos times foi atingido por uma pedrada, supostamente atirada pela torcida, e o secretário pediu aos dois Jovens que aguardassem naquele local que logo voltaria para resolver a questão dos dois. Os dois PMS a paisana também foram da assistência ao secretário que neste momento corria em direção ao tumulto na outra extremidade do campo. O repórter Rafael, aproveitando a oportunidade e estando com a câmara em mãos, resolveu “pegar” esse furo de reportagem e filmar o goleiro caído e o tumulto em redor do seu corpo. Passados alguns poucos minutos um dos PMS a paisana, veio em direção do repórter que filmava a cena da agressão do goleiro, esbravejando para ele que já havia dito que o mesmo não poderia filmar nada ali, desferiu-lhe um tapa no tórax e começou a lhe empurrar para fora do local. Diante da arbitrariedade, o vereador Juliano, que também é formado em filosofia, começou a declamar a população perguntando “onde se encontrava a democracia, a liberdade de imprensa, o direito de ir e vir dos cidadãos daquela cidade”. Um outro policial, esse de farda, apareceu e desferiu alguns tapas e empurrões no vereador, que não parou de reclamar por justiça e democracia. O jovem jornalista também clamava junto ao povo pela democracia e pela liberdade de opinião na lateral do campo, quando um policial o agarrou covardemente pelo pescoço e começou a lhe arrastar para um canto do campo, e começou a sessão de espancamento, violência e tortura contra o jovem, na frente da população que assistia a tudo gritando e pedindo que os mesmo parassem. A selvageria durou cerca de quinze minutos, assistida de camarote pelo prefeito e pelos outros vereadores da cidade, sem que os mesmo manifestassem qualquer gesto de protesto a essa barbárie. Os PMS promoveram momentos de terror diante de crianças, idosos e populares que se aglomeraram em volta do grupo de policiais clamando súplicas e gritando palavras de desprezo e repúdio a covardia da PM de Maiquinique. O vereador Juliano tentou impedir o ato de crueldade e selvageria pedindo aos policiais que parassem com aquilo tudo, mas também fora agredido. Vendo que a revolta da população crescia, os PMS decidiram levar o jornalista para a cadeia da cidade, o que o fizeram sobre protestos e vaias dos cidadãos
O que mais surpreendeu a população foi a passividade do prefeito e de alguns vereadores que se encontravam a menos de dez metros do local onde o jornalista era espancado.
O despreparo de um grupo isolado da corporação da polícia militar de Maiquinique nesse episódio lastimável foi toda registrada em vídeo por um cinegrafista amador. Nela é possível identificar os PMS envolvidos, o que se pode concluir que fatos isolados como estes não devem se estender a toda a corporação da PM, uma vez que esta tem relevantes serviços prestados a sociedade e aos cidadãos.
Há rumores na cidade de que os policiais a paisana estavam ali garantindo a segurança do prefeito, no evento marcado pela violência contra a liberdade de imprensa em nossa cidade. Mas afinal, que País é esse?