logo na entrada me pedindo pra parar.
Eu venho de perto, sou empregado do seu Alberto, dono da fazenda Andaraí.
O “puliça” respondeu:
Num tô nem aí, de onde ocê vem num quero saber,
me mostre o documento da mula que eu quero ver,
e a carteira de vaqueiro pra mim num lhe prender.
Espantado fiquei, mesmo assim eu falei, seu “puliça” eu num sei,
nunca vi documento de mula nem “cartêra” de vaqueiro,
sou trabalhador arretado veja só a minha mão de calo,
amançador de burro brabo, tenho boa recomendação, pode perguntar meu patrão.
O “puliça ‘aos berros falô:
Recomendação é o cacete,
ocê já tá errado muntado sem capacete,
eu pudia lhe multar e a mula confiscar,
mas como sou bom policial um acordo vou lhe propor:
Ajuda na gasolina e nois esquece o que passou,
faço de conta que num te vi,e ocê pode sua viagem seguir.
E aí o que vai ser?
Num consegui intender o que os “home” queria dizer,
e assim , sem menos nem mais eu falei: tenho dois reais e mais ninhum,
se dividir certinho toca ciquenta centavos pra cada um.
me derrubaram da mula e me jogaram no chão,
fui algemado igual se faz com ladrão,
prenderam minha mula e fui jogado no camburão,
Assustado com aquela reação perguntei:
Me responda por caridade, será que não falei a verdade?
Sou trabalhador tem piedade.
“Que nada rapáz, você tá preso”.
E o qe fiz na verdade?
“Desacatou a autoridade”
Mas isso é covardia demais
“esse é o valor de quem só tem dois reais”.
Por: Vicente Coelho.