sábado, 18 de dezembro de 2010

VALE A PENA LER DE NOVO: AMANÇADOR DE BURRO “BRABO”

           Fuçando os arquivos deste blog me deparei com um texto, datado de 1º de setembro de 2009, texto esse que foi a primeira postagem publicada aqui no maiquinique vista.
          O texto nos mostra um fato quotidiano que se passava em nossa cidade na época. É contado em forma de versos, e tem no humor de suas linhas, um tempero de irônia e protestos sobre uma situação vivida pelos maiquiniquenses na época. Analisando com mais afinco as entrelinhas desse texto, pude perceber que pouca coisa mudou de lá pra cá no que diz respeito aos desmazelos da administração de nossa cidade. E como recordar é viver…rsrsrsrs… deixo aqui em baixo uma das obras primas de Vicente Coelho.
 jegue
 Chegando em Maiquinique vi um uno prateado,

tinha quatro soldados da polícia militar,



logo na entrada me pedindo pra parar.



Encostei a mula no acostamento e fiquei a esperar,

os "home " desceu do carro tava tudo armado,

apontando as carabinas para mim,

começou a dizer assim:



Ocê vem de onde estranho?
Fiquei assustado, nunca vi um "home" armado,
inda mais assim, apontando as carabinas para mim.
Mais do geito certo respondi esperto:



Eu venho de perto, sou empregado do seu Alberto, dono da fazenda Andaraí.

O “puliça” respondeu:

Num tô nem aí, de onde ocê vem num quero saber,

me mostre o documento da mula que eu quero ver,

e a carteira de vaqueiro pra mim num lhe prender.



Espantado fiquei, mesmo assim eu falei, seu “puliça” eu num sei,

nunca vi documento de mula nem “cartêra” de vaqueiro,

sou trabalhador arretado veja só a minha mão de calo,

amançador de burro brabo, tenho boa recomendação, pode perguntar meu patrão.



O “puliça ‘aos berros falô:

Recomendação é o cacete,

ocê já tá errado muntado sem capacete,

eu pudia lhe multar e a mula confiscar,

mas como sou bom policial um acordo vou lhe propor:



Ajuda na gasolina e nois esquece o que passou,

faço de conta que num te vi,e ocê pode sua viagem seguir.

E aí o que vai ser?



Num consegui intender o que os “home” queria dizer,

e assim , sem menos nem mais eu falei: tenho dois reais e mais ninhum,

se dividir certinho toca ciquenta centavos pra cada um.

me derrubaram da mula e me jogaram no chão,

fui algemado igual se faz com ladrão,

prenderam minha mula e fui jogado no carburão,



Assustado com aquela reação perguntei:

Me responda por caridade, será que não falei a verdade?

Sou trabalhador tem piedade.

“Cale a boca vagabundo, você tá preso”.

E o qe fiz na verdade?

“Desacatou a autoridade”

Mas isso é covardia demais



“esse é o valor de quem só tem dois reais”.
 Por: Vicente Coelho.
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